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sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Insônia


Em poucos instantes o sol vai nascer trazendo consigo um veredicto mudo: Mais uma noite sem dormir! Um aspirante à escritor que mais uma vez perdeu o sono...
Você consegue vê-lo? No som toca baixinho uma música antiga qualquer, na mão uma folha e uma caneta azul (nada poético como uma pena ou uma caneta tinteiro, é dessas simples mesmo, que você compra barato em qualquer papelaria), na cabeceira um livro que ele não terminou de ler - na verdade ele nem sabe se vai terminá-lo, ele não sabe se quer.
Sair às ruas da cidade é uma opção, caminhar sem um rumo certo, até estar cansado demais pra conseguir ficar acordado, quem sabe se juntar a alguns insônios. Mas a cidade da madrugada é perigosa, não se parece em nada com ela mesma à luz do dia, a noite ela adquire uma forma mais sombria... Com seus boêmios bebendo em copos cheios de mágoas com cubos de gelo, um bando de almas doentes vagam, mas não seria ele mesmo uma alma dessas? A pergunta fica no ar sem nenhuma resposta, afinal, quem o responderia a essa hora? Todos dormem, todos exceto ele...
Anda pela casa, liga a TV mas não está com paciência pra assistir nada, toma água mesmo sem sede e volta pro quarto.
Que inveja ele sente de todas essas janelas escuras dos prédios vizinhos, guardam pessoas que, diferente dele, conseguiram diminuir o ritmo dos pensamentos, conseguiram se "desligar".
Chega de pensamentos! Apaga a luz e fecha os olhos que o sono vem! - Era o conselho da sua mãe desde quando ele era criança, falando assim até parece que  realmente é fácil.
Mas é melhor fazer isso mesmo, tentar mais uma vez, afinal já era possível ver pelo vidro de sua janela o céu com um tom mais claro, sinal de que em poucos instantes o sol vai nascer...

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