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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Abaixando a rede


“Mas, como é santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver; Porquanto está escrito: Sede santos, porque eu sou santo.” 1 Pedro 1:15-16
Queria contar pra vocês como eu e meus amigos costumávamos jogar vôlei na rua perto de casa. Sempre gostei de vôlei e cheguei até a treinar de verdade num ginásio em minha cidade, acontece que “saques por cima” (aquele que você joga a bola pro alto e bate com a mão espalmada nela), nunca foram meu forte. Cresci numa cidade pequena no interior paulista onde era possível armar uma rede de vôlei no meio da rua e jogar por bons minutos antes de ter de paralisar o jogo para um carro passar, e era exatamente isso que fazíamos quase todo final de tarde.
Ah, esqueci de falar, não era só eu, com exceção de um ou dois, todos do nosso grupo eram (muito, mas muuuuito) ruins nos “saques por cima” - mas era muito mais legal sacar assim -, e pra conseguir isso nós tínhamos um método muito fácil: Baixar a rede, com isso o saque passava até com alguma folga, fácil, fácil. Para qualquer um que olhasse de fora, aquilo pareceria ridículo (e realmente era), mas nós não nos importávamos muito, com direito até a fazer poses de vitória cada vez que a bola passava.
Fazer isso num jogo de vôlei é ridículo, mas fazer isso na vida real é trágico!
Sabe por quê? Tem gente que faz exatamente isso todos os dias: abaixa a rede dos padrões de Deus! Assim é mais fácil viver esse evangelho, assim é mais fácil trazer aqueles nossos amigos que queríamos tanto ver na igreja, por isso abaixamos a rede, assim o evangelho é mais 'atraente'.
“Tudo bem passar a mão no seu namorado (a), contanto que você levante as mesmas mãos na hora do louvor”, ridículo? Não, é trágico!
Não é o evangelho que tem de se adequar a você, é você que tem de se adequar a Ele. O padrão de Deus para a santidade é altíssimo mesmo, sabe por quê? Porque o próprio Deus é o padrão de santidade “Mas, como é santo aquele que vos chamou sede vós também santos”.
Não viva a vida cristã fazendo poses de vitória para todos verem que você acabou de fazer a bola passar, quando na verdade a rede está baixa, assim não tem valor nenhum!
Não negocie o inegociável, não desvalorize aquilo que te caracteriza como filho de Deus, que é o desejo de fazer a vontade Dele e ser cada dia mais parecido com Cristo. Abomine o pecado, aparte-se do mal, não ande no caminho dos pecadores nem sente na roda dos escarnecedores, não abaixe a rede nem diminua o brilho da luz que você foi chamado para ser.

“Ao vencedor darei o direito de sentar-se comigo em meu trono, assim como eu também venci e sentei-me com meu Pai em seu trono!” – Apocalipse 3.21




terça-feira, 17 de julho de 2012

A copa do Brasil será um sucesso!


Vamos fazer uma afirmação contracorrente: a Copa do Mundo no Brasil será um sucesso. Vamos fundamentar a afirmação: a Copa será um sucesso porque somos o país do futebol.
O grande modismo de mídia quando se trata de abordar as perspectivas para nossa Copa do Mundo é afirmar que ela será um fracasso retumbante. Essa visão costuma ser justificada pelo atraso das obras, pela suposta impossibilidade de provermos a infraestrutura de transportes e as vagas em hotéis necessárias para abrigar os visitantes. Os críticos concebem a Copa e o futebol como um fenômeno estatal. Seu fracasso é vinculado à incapacidade do Estado brasileiro de cumprir seu papel.
Os arautos do fracasso ignoram inteiramente que o futebol é uma das maiores paixões de nossa sociedade. Como olham para o Estado e desprezam quase inteiramente a existência da sociedade, preveem o pior. Essa previsão se mostrará rotundamente errada em 2014.
Nosso Carnaval é um dos maiores e mais abrangentes espetáculos populares do mundo. Ele ocorre todo ano – e nunca fracassa. É sempre um sucesso porque é feito pela sociedade.
Nossa Copa do Mundo será um sucesso porque será abraçada por toda a sociedade brasileira. Esse abraço é mais fácil de conceber se fizermos um exercício bastante simples de nos transportamos para abril de 2014, quando faltarão dois meses para o início da competição. Todas as propagandas na TV, no rádio e na internet terão como gancho a Copa do Mundo. Não apenas os patrocinadores, mas todas as empresas que divulgam seus serviços e produtos na mídia recorrerão ao fato de sermos sede do maior evento esportivo do planeta.
Também em abril de 2014, as 32 seleções estarão próximas de desembarcar no Brasil. Os principais noticiários mostrarão os estádios em que elas jogarão, seus roteiros no Brasil, os hotéis em que ficarão hospedadas e onde treinarão. É muito provável que sejam encontrados personagens ligados a cada seleção morando perto de suas sedes: alemães parentes de jogadores de sua seleção já residindo no Brasil há muitos anos, jogadores aposentados de outra seleção, ex-namoradas de jogadores africanos etc.
Cada desembarque de seleção será transmitido ao vivo. As chegadas serão eventos genuinamente brasileiros. Todas as seleções serão recebidas da maneira mais amigável e calorosa possível. Seus jogadores e técnicos darão entrevistas e elogiarão o Brasil como país. Seus deslocamentos serão transmitidos ao vivo e tomarão a maior parte dos noticiários noturnos.
Noticiários e propagandas totalmente dedicados ao futebol só são possíveis no país do futebol. É preciso que uma sociedade seja apaixonada pelo futebol para que a mídia o use como principal chamariz de audiência.
Os arautos do fracasso ignoram inteiramente que o futebol é uma das maiores paixões de nossa sociedade
Ainda no período que antecede o início da competição milhares de jovens brasileiros se associarão para enfeitar sua casa e ruas. Isso ocorre em qualquer Copa do Mundo. Será exacerbado por se tratar de uma Copa cuja sede é o Brasil. Muitas prefeituras farão um concurso da rua e da residência mais bem enfeitada. O resultado de tais concursos será divulgado pelas mais diversas mídias locais.
Prefeituras prepararão locais especiais para que a população acompanhe os jogos em público. Nada melhor que torcer no meio de uma multidão. Quando se trata de festas e de futebol, o brasileiro ocupa com eficiência o espaço público.
A cada jogo do Brasil o país parará. Isso acontece em qualquer Copa do Mundo. Será especial parar as atividades justamente numa Copa que ocorrerá em nosso país. A festa será maior, a parada será mais celebrada, a razão para organizar um evento que reúna os amigos será maior. Por favor, o argumento de que isso atrasa o desenvolvimento do Brasil não serve. Acabamos de ultrapassar a Grã-Bretanha no PIB bruto e, em breve, ultrapassaremos a França.
Iniciada a competição, os únicos assuntos da mídia serão os jogos, os gols marcados e perdidos, os erros dos juízes, a festa das torcidas, a classificação das seleções, as jogadas impossíveis, as entrevistas das celebridades, o que fizeram Neymar, Messi, Xavi e outros no dia do jogo. Não haverá espaço para assuntos outros que não a disputa esportiva.
Para que a Copa seja um sucesso, basta que os estádios fiquem prontos. A escassez de leitos de hotel será resolvida com a abundância de leitos nas casas dos brasileiros. Os turistas adorarão: terão a chance de conhecer a vida diária dos brasileiros, a culinária, nossa receptividade etc. Muitos europeus ficarão no Brasil porque se apaixonarão pelas lindas brasileiras. Esse se tornará o principal tema das reportagens não futebolísticas: quanto os visitantes se apaixonarão pelo Brasil e por suas belezas. É possível que muitos espanhóis acabem juntando o útil ao agradável: se casarão com uma brasileira e conseguirão, finalmente, seu primeiro emprego.
Engarrafamentos não ocorrerão, porque, nas cidades grandes e quando houver um jogo importante, será ponto facultativo. Imaginem quantos pararão de trabalhar se França e Holanda se enfrentarem no Recife. Não haverá engarrafamento algum. Jogos dessa importância motivarão uma mobilização social jamais vista no país.
O orgulho e a autoestima nacional atingirão níveis estratosféricos. Todo brasileiro ficará feliz porque seu país estará no centro do mundo, graças a algo que adoramos, o futebol. Não há espaço para fracasso. Aquele que for capaz de se transportar para o ano de 2014 sabe que é impossível que nossa Copa do Mundo seja um fracasso.
Nós, brasileiros, não devemos esperar que nossa Copa tenha um planejamento e uma organização germânicos. Os alemães nunca se iludiram quanto a suas capacidades, não achavam que sua Copa seria um grande exemplo de evento festivo e caloroso. Isso não faz parte da cultura deles, assim como a organização germânica não faz parte da nossa.
Não devemos nutrir com relação a nós mesmos expectativas que jamais serão atingidas. Nem por isso fracassaremos. Simplesmente faremos com sucesso, mas de maneira diferente. Somos bons na execução do plano B, talvez até mesmo do plano C, mas não somos especialistas no plano A. A flexibilidade é uma marca importante de nossa cultura.
Os arautos do fracasso não entendem o que faz do Brasil Brasil. Os arautos do fracasso se imbuíram do complexo de vira-latas de Nélson Rodrigues. Acham que somos inferiores. Não somos – e isso ficará evidente quando 2014 chegar.

Alberto Carlos Almeida para revista Época

quarta-feira, 4 de julho de 2012

Não sei


Se você ainda não sabe qual é a sua verdadeira vocação, imagine a seguinte cena: Você está olhando pela janela, não há nada de especial no céu, somente algumas nuvens aqui e ali. Aí chega alguém que também não tem nada para fazer e pergunta: Será que vai chover hoje?
Se você responder "com certeza" ... a sua área é Vendas: O pessoal de Vendas é o único que sempre tem certeza de tudo.
Se a resposta for "sei lá. estou pensando em outra coisa" ... então sua área é Marketing: O pessoal de Marketing sempre está pensando no que os outros não estão pensando.
Se você responder "sim, há uma boa probabilidade" ... você é da área de Engenharia: O pessoal de Engenharia  está sempre disposto a transformar o universo em números.
Se a resposta for "depende" ... você nasceu para Recursos Humanos: Uma área em que qualquer fato sempre estará na dependência de outros fatos.
Se você responder "ah, a meteorologia diz que não" ... você é da área de Contabilidade: O pessoal da Contabilidade sempre confia mais nos dados do que nos próprios olhos.
Se a resposta for "sei lá, mas por via das dúvidas eu trouxe um guarda-chuva" : Então seu lugar é na área Financeira que deve estar sempre bem preparada para qualquer virada de tempo.
Agora, se você responder "não sei" ... há uma boa chance que você tenha uma carreira de sucesso e acabe chegando a diretoria da empresa. De cada 100 pessoas, só uma tem a coragem de responder "não sei" quando não sabe. Os outros 99 sempre acham que precisam ter uma resposta pronta, seja ela qual for, para qualquer situação.
"Não sei" é sempre uma resposta que economiza o tempo de todo mundo, p´re-dispo~e os envolvidos a conseguir dados mais concretos antes de tomar uma decisão. Parece simples, mas responder "não sei" é uma das coisas mais difíceis de se aprender na vida. Por quê? Eu sinceramente "não sei"


Antônio Emírio de Moraes para a revista EXAME