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sexta-feira, 4 de novembro de 2011

O Autor da Vida - O Deus que sonhou



No início era o Verbo...
E o verbo se fez carne, e habitou entre nós.
João 1.1,14

Sentado junto à grande escrivaninha, o Autor abre o grande livro. Não há palavras. Não há porque não existe nenhuma palavra. Não existe nenhuma palavra porque nenhuma palavra é necessária. não há ouvidos para ouvi-las, não há olhos para lê-las. O autor está só.
E então, ele toma a grande pena e começa a escrever. Assim como um pintor junta suas cores, e o escultor suas ferramentas, o Autor reúne as palavras.
São três. Três únicas palavras. Dessas três fluirão milhões de pensamentos. Mas essas três palavras sustentarão toda a história.
Ele toma a pena e traça a primeira: T-e-m-p-o
O tempo não existiu até que Ele escreve-se. Ele em sí é atemporal, mas sua história ficaria fechada no tempo. A história teria o primeiro nascer do sol, o primeiro movimento da areia. Um capítulo final. Ele o conhece antes de escrevê-lo.
Tempo. Um passo na trilha da eternidade.
Devagar, com ternura, o Autor escreve a segunda palavra. Um nome: A-d-ã-o.
Enquanto escreve vê o primeiro Adão. Depois vê todos os outros. Em milhares de eras, em milhares de terras, o Autor os vê. Cada Adão, cada filho. Instantaneamente amados. Permanentemente amados. O Autor faz uma promessa a esses não nascidos: À minha imagem fá-los-ei, vocês serão como eu. Vão rir, vão criar...
Carinhosamente, deliberadamente, escreve a terceira palavra, sentindo já a dor.
E-m-a-n-u-e-l
A maior mente do universo imaginou o tempo. O mais capaz dos juízes garantiu uma escolha a Adão. mas foi o amor que concedeu o Emanuel, o Deus conosco. 
O Autor entraria em sua própria história.
A Palavra tornar-se-ia carne. Ele também nasceria. Ele também seria humano. Ele também teria lágrimas e provações. 
O autor conhece bem o peso dessa decisão. Faz uma pausa ao escrever a página de seu próprio sofrimento. Podia parar. Mesmo o Autor tem escolha. Mas como não criar, sendo Criador? Como não escrever, sendo Escritor? Como não amar, sendo amor? Assim escolhe a vida, embora signifique morte, na esperança de que seus filhos façam o mesmo.
E desse modo o Autor completa a história. Ele encrava a lança na carne, e rola a pedra sobre o túmulo. Conhecendo a escolha que fará, conhecendo a escolha que todos os Adões farão, escreve "Fim", então fecha o livro e proclama o início.
"Haja Luz!"

Trecho do livro "Ouvindo Deus na Tormenta" de Max Lucado 

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